sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Americana cria blog sobre impacto do Alzheimer no casamento

Muito interessante a notícia, clique no link para ler na íntegra. Acho a idéia de criar blogs para discutir assuntos específicos muito boa, eu também já aderi...

Folha Online - Equilíbrio - Americana cria blog sobre impacto do Alzheimer no casamento - 28/02/2008

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Lingua comprida

Comentário da Michele enquanto fuçava nas roupas do meu guarda-roupa:
"Sabe, Marques, antigamente eu era menininha e não podia usar as roupas da minha mãe porque ela só tinha roupas de mulher. Agora eu sou uma mulher e ainda não posso usar as roupas dela."
Parei de digitar por um momento e perguntei, inocente:
"Por quê?"
E ela, com toda a desfaçatez que lhe é peculiar:
"Porque só tem roupa de menininha..."
(por Zailda Mendes)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Mundo masculino

bagunça

Está mais do que na cara pra mim que mesmo depois de tantos séculos de civilização o mundo continua sendo governado por e para os homens. É só você olhar à sua volta e logo perceberá que tudo gira em torno da comodidade deles, e uma das formas de eles sentirem-se mais confortáveis é mantendo as mulheres pelo máximo de tempo possível em seu devido lugar - dentro de casa.

Senão me diga aí minha colega, que está com a pia abarrotada de pratos pra lavar, por quê é que ainda não inventaram de acabar de vez com a louça da cozinha? Tinha que ser tudo descartável, comeu joga no lixo e acabou-se, lá iríamos nós contentes e saltitantes pra frente da TV. E além de tudo ainda não inventaram um detergente que não arruíne nossos esmaltes, olha só que falta de consideração. E ainda querem os homens que andemos manicuradas e pintadas. De que jeito, minha amiga, se temos pelo menos duas refeições diárias e consequentemente duas vezes nos dirigimos à pia para nela triturar de vez nossas mal-cuidadas unhas naqueles horrorosos agentes químicos com cheiro de maçã! E quem é que quer ficando com a mão cheirando a maçã, me diga lá?

E roupa então? Ave Maria, como se empilham as roupas sujas, e haja coragem de ir pro tanque! Nem adianta argumentar que temos máquina de lavar (com certeza uma mão na roda que nossas antepassadas não tiveram o privilégio de pilotar) porque depois tem que enfrentar o cabo seco do ferro de passar, né? Ou será que os homens pensam que as roupas andam sozinhas da máquina pro varal ou secadora e de lá caem durinhas e passadinhas dentro da gaveta? Vai ver que pensam...

E por mais que inventem aspiradores, vassouras elétricas e aparelhos a vapor, estes também não fazem nada sozinhos, tem que haver uma burra de carga lá atrás empurrando o danado! E depois, não vamos "aspirar" meias e sapatos que estão espalhados pelo chão, então lá se vai nossa coluna. Depois reclamam que não queremos nada à noite...

E depois fila no supermercado, fila no banco, fila na feira, fila na fila. Ai, que só de falar em fila eu já fico cansada... E à noite os queridos maridinhos ainda dizem que ficamos em casa, então não fazemos nada... Se ficássemos pelo menos um dia sem fazer nada, eu queria era ver a cara deles quando chegassem em casa, iam tomar um susto daqueles...

E do tanque à mesa e da mesa à geladeira passamos as horas do dia dentro de nosso reinado. E olha que serviço de casa não acaba nunca...

(por Zailda Mendes)

Síndrome de Cinderela

Lembra da Cinderela, aquela que durante o dia lavava, passava, limpava e cozinhava, tomava conta das irmãs e ainda satisfazia a todos os desejos da madrasta má? Pois é, e não é que a danada ainda tinha pique pra se embonecar toda, sapatinho de cristal e tudo, enfiar-se em uma abóbora e dançar com o príncipe a noite inteira?

Bem, a noite inteira não, só até a meia-noite, porque até a Cinderela tinha lá os seus limites, impostos pela fada-madrinha, diga-se de passagem, porque se fosse por ela ficava no arrasta-pé até o dia clarear. Vai ter disposição assim lá na casa do chapéu!

Pois contaram essa história pra gente quando a gente ainda era menininha, só que algumas de nós acabaram levando isso ao pé da letra, achando que ser como a Cinderela era formidável e seguem arrastando esse pesado fardo vida afora. São as ditas perfeccionistas: exigentes ao extremo consigo mesmas, nunca se poupando de esforços incomensuráveis e  sobre-humanos pra fazer tudo da forma mais impecável possível, mas frequentemente indulgentes com as imperfeições alheias.

Aos vinte e tantos anos eu surtei, só faltava babar e chamar urubú de meu louro, e a explicação psicanalítica pra coisa era que eu "me esforçava tanto pra cumprir todos os meus papéis que acabava não dando espaço pra mim mesma".

Toma, besta, vai ficar aí tentando ser a melhor funcionária, melhor esposa, melhor mãe, melhor dona-de-casa, melhor tudo-que-há, que você também vai ter o seu! Temos que entender que somos apenas humanas e que se nossa opção foi desenvolver a nossa carreira, marido que nos desculpe mas a casa vai permanecer alguns anos (até a gente se aposentar, pelo menos) nesse estado assim beirando a zona. E se a bagunça o incomoda tanto, ele que é tão profissional quanto nós que se digne a vir pra casa mais cedo dispensando suas sagradas cervejinhas depois do escritório e peque no cabo da vassoura, ora essa! E nem me pergunte o-que--é-que-eu-faço-com-essa-vassoura-agora com essa cara de paspalho que senão eu dou uma daquelas respostas que no fim dão em divórcio!

E se a gente optou por ter filhos, o chefe vai ter a santa paciência de aturar aí uns atrasos de vez em quando, porque afinal quem é que supre o mercado de trabalho com mais e mais trabalhadores? Nós aqui, né? E se eles morrerem todos porque a mãe tinha que trabalhar e não podia levar ao médico, a longo prazo esse país aqui vai pras cucuias, não vai não? Então...

E claro que se o almoço atrasar porque a gente estava no cabeleireiro, nosso querido esposo vai ter que aprender pra que servem aqueles botõezinhos lá do microondas, que não tem controle remoto, não senhor. E fazer uma saladinha pra esperar a mulher de vez em quando também não mata ninguém nem cai a mão, não senhor.

É, amiga, pode doer a consciência um pouco no começo, mas a gente vai ter que se acostumar a estabelecer prioridades (as nossas, não as deles) e fazer sempre o que for mais importante, sem culpas por deixar o resto assim na base do deus-dará. Fazer tudo ao mesmo tempo a gente já viu que não dá, e seria desumano ao menos tentar, então relaxa e goza a vida!

(por Zailda Mendes)