Hoje é comemorado mundialmente o "Dia Internacional da Mulher", e eu me pergunto: e daí? Como estamos em ano bissexto, será que isso significa que temos um dia pra nós e os outros 365 dias de 2008 são deles? Ah, mas aquelas que já tiveram filhos têm também o "Dia das Mães", dia de acordar cedo pra cozinhar algo especial pra família e ganhar algum presente pra usar no cuidado da casa ou pra fazer comida especial pra família.
Àquelas que ainda não tiveram seus rebentos resta apenas receber uma flor ou um cartão se por acaso entrarem em algum banco ou mesmo no trabalho. As que ficam em casa, sinto muito, duvido que seus queridos maridos sequer se lembrem de cumprimentá-las pelo dia de origem e finalidades duvidosas.
Claro, acho louvável a idéia de ter um dia dedicado a nós, pelo menos um que sirva talvez para lembrar a governantes e políticos, professores e maridos, patrões e subalternos de que estamos aqui, que também somos "portadoras de necessidades especiais", a saber:
- que temos direito a igual remuneração que qualquer homem que desempenhe as mesmas funções;
- que queremos ser lembradas todos os dias e não só no dia de hoje;
- que flores não mascaram o fato de que ainda somos tratadas em muitos casos como mero objeto de decoração;
- que somos consideradas por uma grande parcela da sociedade como um ser um pouco mais atuante que qualquer animal de estimação e com mais ou menos o mesmo quociente de inteligência;
- que muitos maridos e namorados ainda acham que "ter uma mulher" é apenas uma questão de necessidade (precisam comer e ter as roupas lavadas regularmente;
- que muitas de nós ainda se sujeitam a ser tratadas com desrespeito e violência por não saberem a quem recorrer e não terem meios próprios de subsistência;
- que um grande número de maridos ainda acha que ter uma boa mulher é apenas um caso de bom adestramento (tipo traga o jornal, leva isso aqui, faz esse menino parar de chorar) e ainda esperam que depois que realizemos o "truque" que fomos condicionadas a fazer ainda rolemos pelo chão a abanemos o rabinho;
- que há filhos (principalmente os homens) que acham que ser mãe é padecer num paraíso, então enquanto padecemos não custa nada fazer uma bainha no seu jeans novo;
- que há alguns chefes que se valem de sua posição de superior hierárquico para nos pressionar para conseguir "favores especiais" que certamente suas esposas não aprovariam;
- e que - finalmente - algumas de nós, traidoras da própria classe ainda educam seus filhos para subjugar outras mulheres.
Depois de lembrar tudo isso, o que é mesmo que estamos comemorando hoje?
(zailda mendes)
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